A Reforma Tributária tem sido o assunto mais discutido no meio empresarial e entre os profissionais liberais. Ela promete simplificar o sistema brasileiro, considerado um dos mais complexos do mundo, mas também traz dúvidas: afinal, psicólogos vão pagar mais ou menos impostos após as mudanças?
Essa é uma questão fundamental, pois impacta diretamente a rotina dos consultórios, clínicas e profissionais autônomos. Na prática, não basta apenas entender as novas siglas ou os novos tributos; é preciso compreender como a transição afeta a carga tributária do setor de saúde e, em especial, dos psicólogos.
Portanto, neste artigo vamos explorar os principais pontos da Reforma, analisar os possíveis cenários e mostrar como os psicólogos podem se preparar para não serem surpreendidos.
Índice
O que muda com a Reforma Tributária?
Substituição de tributos
A primeira mudança relevante é a unificação de vários impostos. O ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI serão substituídos por dois tributos:
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CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal;
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IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal.
Assim, a promessa é simplificação, já que hoje cada imposto tem regras, prazos e alíquotas diferentes.
Alíquota única e regime não cumulativo
Com a Reforma, os tributos passarão a ter um regime não cumulativo. Isso significa que o imposto pago em uma etapa poderá ser compensado em outra, reduzindo distorções.
No entanto, as alíquotas devem ser mais uniformes, e ainda existe a preocupação sobre o impacto real para serviços como a psicologia, que possuem margens de lucro diferentes da indústria e do comércio.
Psicólogos no regime atual: como funciona a tributação hoje
Atuação como autônomos
O psicólogo que atua como profissional autônomo paga o carnê-leão sobre os rendimentos recebidos, além do INSS. As alíquotas variam conforme a faixa de renda, podendo chegar até 27,5% no Imposto de Renda.
Pessoa Jurídica (PJ)
Muitos psicólogos optam por abrir CNPJs, principalmente no Simples Nacional.
No Simples, os consultórios geralmente se enquadram no Anexo III ou no Anexo V, com alíquotas iniciais que variam de 6% a 15,5%, dependendo da receita e do fator “R” (percentual de folha de pagamento sobre o faturamento).
Assim, o formato atual permite, em alguns casos, uma carga tributária relativamente menor do que o carnê-leão, especialmente quando o profissional tem boa organização financeira.
O que a Reforma Tributária pode representar para psicólogos
Possível aumento da carga tributária
Uma das principais preocupações é que os serviços, tradicionalmente beneficiados por alíquotas menores no Simples Nacional, passem a enfrentar percentuais mais altos.
Consequentemente, para psicólogos que hoje pagam em torno de 6% a 8% sobre o faturamento, pode haver aumento da tributação.
Cenários de redução
Por outro lado, há casos em que a Reforma pode significar redução de carga. Psicólogos que hoje atuam como autônomos e enfrentam a tabela progressiva do Imposto de Renda poderão se beneficiar de um sistema mais simples e menos oneroso, dependendo das regras de transição e das deduções previstas.
Impactos indiretos
Além da alíquota, há fatores indiretos.
Por exemplo: custos administrativos podem cair, já que a simplificação tributária reduz a burocracia. Isso significa menos tempo gasto com papelada e mais foco na atividade principal.
Psicólogos no Simples Nacional: vão perder benefícios?
O Simples será mantido
A boa notícia é que o Simples Nacional será preservado.
No entanto, ainda não está claro se as alíquotas atuais para serviços de saúde, incluindo psicologia, sofrerão alterações.
Possível revisão de tabelas
Existe a possibilidade de revisão nas tabelas do Simples para que se adequem ao novo sistema. Caso isso ocorra, alguns profissionais podem ser deslocados para faixas menos vantajosas.
Portanto, é fundamental acompanhar de perto essas mudanças.
Estratégias para se preparar
Planejamento tributário personalizado
Cada psicólogo tem uma realidade diferente: alguns atuam de forma autônoma, outros possuem clínica própria com funcionários e estrutura maior.
Assim, não existe uma resposta única sobre pagar mais ou menos imposto. A chave está em realizar um planejamento tributário personalizado.
Revisão do regime de tributação
Pode ser que, após a Reforma, a melhor opção não seja mais o Simples, mas sim o Lucro Presumido ou até o Lucro Real, dependendo do faturamento e das despesas dedutíveis.
Portanto, revisar o regime será crucial.
Organização financeira
Empresas e consultórios desorganizados são os mais prejudicados em momentos de mudança.
Consequentemente, manter registros claros de receitas e despesas facilita a adaptação e ajuda a evitar erros fiscais.
Exemplos práticos
Psicólogo autônomo
Hoje: paga até 27,5% no carnê-leão.
Com a Reforma: pode migrar para regime simplificado e pagar menos, especialmente se tiver rendimentos mais baixos.
Psicólogo em clínica pequena no Simples
Hoje: paga alíquotas iniciais de 6% a 8%.
Com a Reforma: pode haver aumento para patamares próximos de 12% a 15%, dependendo da nova estrutura.
Clínica maior com equipe
Hoje: enquadramento no Simples pode ser vantajoso, mas dependendo da folha de pagamento.
Com a Reforma: pode ser mais interessante migrar para Lucro Presumido e aproveitar deduções.
O papel do contador
Um ponto em comum entre todas as situações é a importância do contador.
Profissionais de saúde, em especial psicólogos, geralmente não têm tempo para acompanhar todos os detalhes tributários.
Assim, contar com uma contabilidade especializada em clínicas e consultórios será decisivo.
Além de calcular impostos, o contador pode:
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Sugerir o melhor regime tributário;
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Indicar oportunidades de economia fiscal;
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Apoiar na organização financeira;
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Ajudar na conformidade legal e na emissão de notas fiscais.
Consequentemente, o psicólogo terá mais segurança e poderá focar no que realmente importa: seus pacientes.
Pagar mais ou menos depende do perfil
Responder se os psicólogos vão pagar mais ou menos impostos após a Reforma Tributária não é tão simples. Na prática, tudo depende do modelo de atuação, do porte da clínica, do regime tributário atual e da forma como os rendimentos são declarados.
Portanto, em alguns cenários haverá aumento da carga tributária, especialmente para quem hoje paga as menores alíquotas do Simples.
Por outro lado, para autônomos que hoje enfrentam as alíquotas mais altas do IR, pode haver alívio.
O mais importante é compreender que a Reforma não será um inimigo inevitável, mas um desafio de adaptação. Quem se planejar, organizar e buscar apoio especializado terá condições de continuar crescendo sem comprometer sua saúde financeira.
Em resumo: os psicólogos não devem esperar para agir. O segredo é começar a se preparar agora.